Relativizar

No primeiro retiro espiritual que fiz contaram me esta história maravilhosa. Nunca mais me esqueci daquela casa, daquelas pessoas e desta história. Quando estou muito angustiada com alguma decisão que tenha tomado (ou que a vida tenha tomado por mim) penso neste senhor que respondia que nem tudo é bom, nem tudo é mau.
Há dias em que deitarmo-nos abaixo é a opção mais fácil, dias em que é mais fácil fazer com que os outros pareçam maiores que nós. Nesses dias não é facil distinguir o que é intrissecamente nosso e o que são os pensamentos pré-concebidos pelos outros de nós. Há dias em que é mais fácil ficarmos tensos, explodir e gritar aos sete ventos que somos horríveis em tudo o que fazemos. Nesses dias é importante respondermos à vida que nem tudo é mau e nem tudo é bom.
Tudo é só e apenas, passageiro.
Este é um conto Taoísta sobre um velho fazendeiro que trabalhou no seu campo por muitos anos, muitos anos.
Um dia o seu cavalo fugiu. Ao sabererem da notícia, os seus vizinhos foram visitá-lo.
“Que má sorte!” disseram solidariamente.
“Nem é bom, nem é mau,” o fazendeiro calmamente replicou. Na manhã seguinte o cavalo voltou para casa, trazendo com ele três outros cavalos selvagens.
“Que maravilha!” os vizinhos exclamaram.
“Bem, nem é bom, nem é mau” replicou novamente o velho homem.
No dia seguinte, seu filho tentou domar um dos cavalos, foi derrubado e quebrou a perna. Os vizinhos novamente vieram para oferecer sua simpatia pela má fortuna.
“Que má sorte,” disseram.
“Talvez, não seja assim tão mau,” respondeu o fazendeiro. No dia seguinte, oficiais militares visitaram a vila para convocar todos os jovens ao serviço obrigatório do exército, que iria entrar em guerra. Vendo que o filho do velho homem estava com a perna partida, dispensaram-no. Os vizinhos felicitaram o fazendeiro pela forma com as coisas se tinham virado a seu favor.
O velho olhou-os, e com um leve sorriso disse suavemente:
“Bem, talvez seja bom, mas pode ser mau.”
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